O XXV CONGRESSO ARQUISUR apresenta em 2022 o tema “Diálogos Epistemológicos na América Latina: a educação em arquitetura e urbanismo”. O evento será realizado na Faculdade de Arquitetura da UFRGS em Porto Alegre, de 05 a 07 de outubro de 2022, em modalidade híbrida.
O Congresso Arquisur é parte das atividades dos Encontros Arquisur promovidos anualmente pela Associação de Escolas e Faculdades de Arquitetura Públicas da América do Sul, fundada em 1992. Essa Associação visa consolidar um espaço acadêmico de cooperação científica, tecnológica, educacional e cultural entre seus membros, envolvendo, atualmente, 31 escolas e faculdades da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.
Nesse evento anual, realiza-se também a divulgação das premiações organizadas pela Arquisur que são destinadas às
comunidades das Escolas e Faculdades associadas e abrangem a tríade ensino-pesquisa-extensão: Prêmio Aroztegui, voltado a trabalhos discentes das disciplinas de projeto da graduação; o Prêmio de Extensão e o Prêmio de Pesquisa.
A partir do tema proposto, "Diálogos epistemológicos na América Latina: a educação em arquitetura e urbanismo, entendemos a cidade, como construção coletiva baseada em experiências e saberes diversos, como um palimpsesto da vida em comum. Nessa sobreposição de escrituras, é possível entrever que alguns vestígios são mais visíveis que outros, uma vez que o poder de transformação dos espaços da vida guarda relações assimétricas entre grupos sociais, sejam elas desigualdades de classe, gênero, sexualidade, raça, entre outros. Com a modernidade, a cidade passa a ser, também, engendrada pelas forças do capital, produzindo-se práticas de controle e mercantilização do território autorizadas por um discurso universalizante e hegemônico às custas de uma miríade de exclusões e apagamentos urbanos. Para Raquel Rolnik (2019), o controle e a exploração se constituem como leis invisíveis que estruturam a vida social, concentrando o poder político e econômico na mão de alguns e subordinando a maioria das pessoas que, ao internalizarem essas leis, vendem sua força de trabalho e mantém o status quo de cidades desiguais e segregadoras.
Diante disso, entendemos que há uma urgência no reposicionamento da arquitetura e do urbanismo no sentido de repensar as epistemologias que fundamentam suas bases de reflexão e operação na educação, particularmente nas escolas públicas. É de responsabilidade dos operadores do conhecimento aproximar-se da realidade complexa da cidade latino-americana, buscando experimentar novas composições de leitura, projeto e planejamento que incorporem a ancestralidade dos povos originários e o respeito a valores como igualdade-diferença, multiplicidade e democracia. E, desse modo, atualizar as disciplinas de arquitetura, urbanismo e design em uma perspectiva crítica, aliada a uma prática transformadora como é proposto por Freire (1980), tanto do ponto de vista da equidade social, como do equilíbrio ambiental.
Nos parece relevante que repensemos aquilo que naturalizamos como conhecimento e como cidade a partir dos pressupostos coloniais, reorientando o pensar/fazer técnico na direção de uma ética planetária e de uma política da partilha (RANCIÈRE, 2009; MORIN, 2007). A partir de pedagogias que promovam o pensamento crítico sobre o aprofundamento da crise planetária que afeta e é afetada pelas cidades, a educação em arquitetura, urbanismo e design pode avançar na direção de uma ação transformadora que tenha a proteção da vida das pessoas e do planeta como valores de referência.
Novas composições epistemológicas
Ao pautarmos novas composições epistemológicas, propomos deslocamentos do olhar incidente sobre o “ensino” para a “educação”, o que, ao fim, conduzirá a reflexões sobre os processos atuais de ensino/aprendizagem. Entendemos a educação, desde a etimologia da palavra (educatĭo,ōnis), como a ação de criar, de nutrir o desenvolvimento intelectual e cultural do indivíduo, para além da aprendizagem de conhecimentos e habilidades específicas. Deslocar a perspectiva para a educação, portanto, exige atenção para os modos-de-ver e modos-de-pensar, transcendendo o pragmatismo ou o instrumentalismo dos modos-de-fazer sobre os quais o ensino, recorrentemente, dedica exclusiva atenção.
Desde aí podem emergir debates que busquem estabelecer ou (re) significar os pilares ou saberes fundamentais à educação, como aqueles apontados nos Quatro pilares da educação do futuro (DELORS, et al., 1998) e nos Sete Saberes da Educação do Futuro (MORIN, 2007). Embora transcorridos mais de vinte anos de suas publicações, nos parece que estes textos ainda formulam discussões relevantes, merecedoras de revisitação e ressignificação.
Entendemos, contudo, que para além do futuro, o enfrentamento da educação exige atenção para um presente em “crise permanente” (SOUZA SANTOS, 2020), desde onde o modo como entendemos o mundo e edificamos nossas vidas impactará o futuro incerto. É sobre o futuro desenhado pelo presente que apontam manifestações vindas dos quatro cantos do mundo, da academia e da vida cotidiana, como o do libanês e professor da Escola de Arquitetura e Planejamento do MIT Hashim Sarski (2021) que, ao fazer a curadoria da Bienal de Veneza de 2021, questiona: Como viveremos juntos?; bem como Ailton Krenak (2020), filósofo, ambientalista e escritor brasileiro que, ao propor ressignificações da relação humanidade-natureza, inquire: Como, adiar o fim do mundo?
Diante disso, cabe questionar: como o ensino de arquitetura e urbanismo pode ampliar a perspectiva de uma educação centrada em modos-de-ver e modos-de-pensar (cosmovisões, paradigmas, mentalidades) que questionam abordagens totalizantes e uniformizantes do presente e, consequentemente, do futuro? Como o ensino na América Latina, atravessada pela pobreza, urbanização descontrolada, esgotamento ambiental e outros desafios socioespaciais, educa para a profissão e para a cidadania numa perspectiva de ética-planetária e de política-partilhada?
Para tentar responder essas questões, abrir outras e, ainda, deixá-las inconclusas, são propostos quatro eixos conceituais e reflexivos:
Ação-reflexão sobre contextos atuais e futuros:
Como incentivar o conhecimento de si mesmo (a intuição, a livre manifestação, a autonomia-iniciativa, o gosto pela provocação, a crítica, o risco), levando à imaginação-criatividade, à experimentação e à descoberta no pensar-projetar-construir o habitat? Como superar a alienação imposta pela propaganda e publicidade e o conformismo dos comportamentos, em detrimento de necessidades autênticas e de identidades culturais? Como inventar, investigar e construir novos contextos, desenhados desde o questionamento da realidade?
Ação-reflexão coletiva - com-outros:
Como incentivar o conhecimento do outro, valorizando semelhanças, mas também, as diferenças? Como ensinar que a emergência de um “outro”, enquadrado em categorias e divisões de classe, raça, gênero, decorre da concepção de “justiça” que promove o acesso desigual aos diferentes tipos de capital (econômico, cultural, político, social)? Como promover formas de empatia e identificação entre próximos e distantes, superando preconceitos e hostilidades ou, como quer Sarski (2021), combatendo atravessamentos opressores e excludentes? Como as teorias podem nos ensinar a acatar conflitos como condição inescapável do viver, dando lugar à comunicação, à cooperação e à (re)construção do comum (FEDERICI, 2019)? Como superar o espírito de competição e de sucesso individual e os déficits relacionais que regem a sociedade contemporânea? Quais as implicações, para o ensino e as cidades, da atuação de movimentos sociais que desafiam as concepções hoje presentes/dominantes?
Ação-reflexão na incerteza e na complexidade:
Como aprender a fazer-atuar com o imprevisto, o inesperado, e com predisposições para modificar percursos e processos simplificadores? Como lidar com lógicas complexas, multidimensionais, e em contínua transformação, onde local-global, específico-diverso, todo-parte, indivíduo-sociedade, natural-construído, rural-urbano se afetam mutuamente? Como transpor o tradicional enfoque estético da disciplina e contemplar o estético-ético-político, incorporando valores culturais, morais e legais às práticas projetuais?
Ação-reflexão sobre o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento:
Como aprender com erros e ilusões do conhecimento? Como aprender a integrar conhecimentos e linguagens de outras áreas e campos de conhecimento, da cultura erudita e popular, das artes e da natureza, das teorias e das práticas, relativizando a importância de saberes especializados para compreender/ensinar os diversos aspectos da realidade? Como ressignificar o papel das técnicas e tecnologias, da teoria e da filosofia, do contexto e das relações (de poder) no processo de educação? Como incentivar o prazer de compreender, conhecer, descobrir? Como aprender que aprender é um processo individual e coletivo, urgente e contínuo, no espaço-tempo de um mundo em constante transformação?
Esses quatro eixos se propõem abrangentes e são transversais a todas as Sessões Temáticas (ST) propostas para o evento.
Essas STs contemplam sete sub-áreas tradicionais da Arquitetura e Urbanismo, dialogando com práticas e reflexões do Design,
como estratégia para despertar o foco de interesse dos(as) participantes: para facilitar o endereçamento dos trabalhos.
Interessa às STs discutir os temas a partir do contexto latinoamericano. Os trabalhos - relatos, análises de casos e experiências,
crônicas, ensaios e outros - devem vincular ou articular os temas propostos pela ST eleita a um dos Eixos Conceituais,
sendo essa articulação um dos critérios de seleção. Podem ser encaminhados, indistintamente, trabalhos que posicionem o
ensino, a pesquisa e a extensão como lugares privilegiados para o diálogo sobre a
cidade latino-americana, em busca de uma educação para a profissão baseada na perspectiva da ética-planetária e da política-partilhada.
Esta edição do evento conta com sete sessões temáticas. Nelas, os autores de traballhos poderão fazer parte de fóruns relacionados às suas áreas de interesse.
Ementa: Esta sessão promove o debate sobre o projeto como um processo. Pretende-se discutir criticamente os modos já consolidados de pensá-lo e fazê-lo, e também abrir espaço para práticas alternativas que o desestabilizam e renovam. A crise da sociedade contemporânea e os rápidos avanços das tecnologias de informação e comunicação fazem crescer as incertezas sobre o real, demandando, consequentemente, ações transformadoras que pautem o estético, o ético e o político. Por isso, interessa a esta sessão pensar o projeto como momento de articulação de saberes técnicos, científicos, mas também populares; pensá-lo a partir das demandas e dos compromissos com o mercado, mas também das demandas e dos compromissos com outros grupos sociais. Essa sessão considera também o projeto a partir de suas relações com outros campos disciplinares (seus métodos e estratégias), como o Design, a Arte etc. Entendemos que o domínio do processo de projeto não se limita ao saber “fazê-lo”, mas também envolve o saber “aprender” com ele, bem como saber “ser” e “conviver” com o outro para poder exercitá-lo.
Temas: O projeto como investigação e experimentação; Práticas consolidadas e alternativas de projeto; Limites e potencialidades das ferramentas digitais no processo de projeto; Relações entre as estratégias e os métodos do Design, da Arte, da Arquitetura e do Urbanismo; O ensino como momento de exploração de estratégias e métodos de projeto; Complexidade e interdisciplinaridade no projeto de Design, Arquitetura e Urbanismo ; A ação política a partir do projeto; As relações entre o desenho, o canteiro de obras e a gestão; Autonomia e heteronomia no processo de projeto; O projeto como momento de síntese de saberes técnico, científico, popular; Práticas e processos participativos e colaborativos; Projeto autoral versus projeto anônimo ou coletivo.
Ementa:Esta sessão contempla as questões referentes à produção da cidade, à formação do espaço urbano, seu planejamento e projeto. Apoia-se na compreensão da natureza dos fenômenos urbanos, seus processos e atores sociais para refletir sobre as múltiplas dimensões que envolvem as intervenções sobre a cidade, sejam elas planejadas ou não. Atenta para as relações cotidianas mediadas pelos espaços públicos e privados, sejam de complementaridade, sejam de conflito, e para as relações de inclusão e exclusão de sujeitos e lugares da cidade. Considera a realidade latino-americana e suas condições urbanísticas próprias - pobreza, segregação, urbanização descontrolada, esgotamento ambiental, captura da política urbana e privatização do território - como base para as discussões. Considera, também, o agravamento das desigualdades e problemáticas urbanas a partir da crise sanitária contemporânea.
Temas: O papel do Estado e o uso de instrumentos e estratégias de planejamento pensando a cidade do futuro; produção da cidade e financeirização urbana; gentrificação e desigualdade na cidade; o papel da metrópole; as cidades pequenas e médias e a rede urbana; relações entre o urbano, o rural e a natureza; mobilidade e trabalho; o papel do transporte público na equidade urbana; acessibilidade urbana, multisensorialidade e a experiência do usuário (UX) na cidade; análise espacial, Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e modelagem urbana; estudos analíticos de gênero e raça na cidade; migrações e repercussões no contexto urbano e regional; saúde pública e planejamento; produção de alimentos e cidade.
Ementa:Esta sessão trata das variadas matrizes discursivas, análises e práticas referentes às políticas públicas (como saber reflexivo, agenda intelectual e materialidade) e as formas como estas são produzidas e apropriadas para além delas mesmas. Interessa a reflexão e o debate no amplo espectro que admite as leituras clássicas desde a ciência política aos autores contemporâneos. Busca-se avançar nas interpretações circunstanciadas e avaliações que relacionem campos disciplinares no reconhecimento: de determinações (somos herdeiros de um passado, suas inflexões e permanências); de tensões/conflitos da ação social (somos atores/sujeitos das políticas públicas e das leis); de relações na materialidade e na cultura (o espaço físico não é um receptáculo inerte à determinação, ao desejo, ao plano, à resistência); da configuração do campo ambiental-legal (debates, arenas, conflitos, desafios, agendas); da relação com os povos originários (experiências, possibilidades); das perspectivas urbanas e habitacionais (abrigo, emancipação, interações sociais, promoção da saúde); das condições habitacionais e de suas políticas públicas a partir da crise sanitária contemporânea.
Temas: A habitação de interesse social - HIS e as demais políticas públicas; análise ex-ante e ex-post de políticas públicas; dimensões ambientais e territoriais nas políticas públicas e sua relação com a HIS; matrizes discursivas e a desconstrução, flexibilização, desregulação legislativa e das políticas públicas; habitação enquanto objeto central de políticas públicas urbanas; a habitação como mercadoria; agentes de promoção e produção da habitação e a periferização; regularização fundiária, autoconstrução, cooperativas habitacionais, mecanismos de financiamento; ATHIS; a relação saúde-habitação e padrões urbanísticos/habitacionais; políticas de saneamento ambiental e produção da cidade justa; gestão de risco e prevenção de desastres; planos setoriais.
Ementa:Esta sessão temática propõe abordar questões relacionadas à produção do ambiente construído e os impactos mútuos entre meio ambiente e sociedade. As mudanças climáticas e as catástrofes decorrentes da utilização predatória dos recursos naturais e dos padrões convencionais de urbanização e construção enfatizam o papel central dos campos da arquitetura, urbanismo e design para o enfrentamento de importantes desafios globais contemporâneos. Assim, busca-se nessa seção discutir tecnologias e processos de projeto, de planejamento, de gestão e de construção em suas diversas escalas. Consideram-se também de particular interesse reflexões e soluções para enfrentamento de crises e situações de emergência, tais como pandemias e movimentos migratórios decorrentes de colapsos econômicos, tragédias naturais ou guerras. A busca por um ambiente construído equilibrado passa por práticas de arquitetura, urbanismo e design que considerem a saúde e bem estar de seres humanos, mas que também protejam o patrimônio natural e os ecossistemas que são habitats das diversas espécies que coabitam o planeta Terra.
Temas: Mudanças climáticas; urbanização e microclima; saúde e bem-estar no ambiente construído; cidades e gestão de recursos e resíduos; poluição e impactos ambientais; (auto) construções e habitações transitórias; áreas verdes e soluções baseadas na natureza; gentrificação verde; agricultura urbana; Arquitetura e Design centrados no usuário; processos inovadores de construção; tecnologias para gestão e produção do ambiente construído; análise do ciclo de vida; mobilidade sustentável; saúde urbana; metabolismo urbano; eficiência energética; cidades inclusivas, seguras, saudáveis, resilientes e sustentáveis
Ementa:Esta sessão trata do reconhecimento das experiências urbanas de resistência e invenção como parte constitutiva da cidade, e como conhecimento fundamental para a reflexão e prática na arquitetura, urbanismo e planejamento urbano. A hipermercantilização da vida urbana, o aprofundamento do neoliberalismo e a financeirização das cidades são fenômenos contemporâneos que impõem desafios cada vez mais contundentes na busca por futuros possíveis ao cenário de favelização do mundo, aumento das desigualdades, da segregação e pauperização das condições de vida da população. Como parte constitutiva do sul global, a América Latina vem sendo palco de inúmeros conflitos sócio-espaciais que explicitam a ação limitada de um Estado manipulado pelo mercado fundiário-imobiliário. Nesse contexto, há um repertório marginal de experiências e práticas de movimentos, entidades e coletivos que pode ampliar a reflexão e a ação no campo da arquitetura, urbanismo e planejamento urbano, uma vez que a vitalidade das sociedades latino-americanas surge exatamente desses conflitos e pluralidade de frentes de mobilização. Interessa explorar as diferentes formas que as lutas urbanas assumem na produção do espaço e do cotidiano. É de interesse, também, o planejamento e as práticas insurgentes.
Temas: ocupações em áreas centrais e pericentrais; práxis derivadas da resistência à remoção; processos de gentrificação; articulações na constituição de espaços de moradia e convívio de povos originários, quilombolas, mulheres, comunidade LGBTQIA+, pessoas em situação de rua, imigrantes; outros modos de fazer arquitetura; diferentes modos de morar e habitar a cidade; direitos e acesso à cidade; planejamento insurgente, práticas contra-hegemônicas na arquitetura e no urbanismo; população em situação de vulnerabilidade extrema; táticas e estratégias de comunicação e mobilização social.
Ementa: Propõe-se nesta sessão revisar e analisar a relação entre a Arquitetura, o Urbanismo, o Design e os campos do Patrimônio Cultural e da Memória. São reconhecidas as implicações das proposições recentes em torno da ampliação do conceito de patrimônio e de seu papel como suporte da memória coletiva e das identidades culturais. Partimos, de um lado, do alargamento do conceito de patrimônio cultural em termos temáticos, cronológicos, geográficos e culturais proposto pelas Cartas Patrimoniais e dos desafios implícitos pela contemporaneidade e, por outro, da indissolubilidade das dimensões material e imaterial e da necessidade da reflexão e ação interdisciplinar/transdisciplinar que esta perspectiva exige. Indaga-se sobre a relação entre patrimônio e sustentabilidade como fundamento de um desenvolvimento responsável, conforme a AGENDA 2030 da ONU. Reconhece-se que narrativas, memórias e saberes tradicionais de grupos emergentes e não hegemônicos, podem ampliar a definição, ressignificação e patrimonialização de bens culturais não consagrados. Questiona-se também as implicações que esta abertura conceitual tem na educação do arquiteto e urbanista, em uma perspectiva inter e transdisciplinar, na conformação das paisagens culturais, na história da cidade, nas práticas de salvaguarda e intervenção em preexistências ambientais. Discute-se, ainda, a perspectiva crítica às noções de autoria e singularidade amplamente publicizadas que hipervalorizam a imagem e a monumentalidade em detrimento da fruição espacial, da apropriação social, do caráter processual e coletivo e da dimensão histórica do espaço antrópico.
Temas: Patrimônio Arquitetônico; Patrimônio Urbano; Paisagem Cultural; Espaço Antrópico; Memória Coletiva; Identidade Cultural; Patrimônios Emergentes; História e Historiografia do Patrimônio; Educação Patrimonial; O patrimônio e o DO-11 “cidades e comunidades sustentáveis”; Salvaguarda do Patrimônio Cultural; acessibilidade, multisensorialidade e a experiência do usuário (UX) no Patrimônio Cultural e Memória; Conflitos entre produção da cidade e Patrimônio Cultural; Patrimônio e Cidadania Insurgente.
Ementa: A sessão propõe a debruçar-se sobre o tema da construção da história e da historiografia da arquitetura e das cidades latino-americanas a partir da lente da educação. Pretende-se discutir o papel da história da arquitetura e das cidades não apenas na formação do arquiteto e urbanista, mas suas contribuições para a ampliação do entendimento das problemáticas latino-americanas e suas relações globais. Pretende-se abordar, ainda, aspectos a respeito do processo de construção da historiografia latino-america sobre a arquitetura e as cidades, o olhar externo, que caracterizou por muito tempo a produção do conhecimento, suas implicações e desdobramentos, assim como, e com ênfase, a construção de uma historiografia genuinamente latino-americana, inclusiva e diversa. O tema da construção do conhecimento histórico na área também é foco de interesse, e os aspectos dessa construção, principalmente nos últimos 50 anos, pretende-se que sejam debatidos a partir de experiências de ensino, pesquisa e extensão.
Temas: História da arquitetura e do urbanismo; História das cidades; História do ensino de arquitetura e urbanismo; Experiências de ensino, pesquisa e extensão na construção do conhecimento histórico; Historiografia da arquitetura e das cidades; Diversidade e inclusão na história e na historiografia.
CONFERÊNCIAS
O evento propõe deslocar os perfis tradicionais dos convidados para a conferência magistral: de acadêmicos e profissionais de destaque e projeção internacional a agentes sociais que, mesmo não vinculados à academia e à profissão, possuem notório saber para fomentar discussões relativas à temática do evento.
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SESSÕES TEMÁTICAS
São sete sessões temáticas que, dentro das áreas tradicionais da Arquitetura e Urbanismo, discutem o tema central do evento.
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INTER-SESSÕES
Mesa composta por mediadores-coordenadores das diferentes Sessões Temáticas, buscando promover uma discussão transversal entre as mesmas, à luz dos quatro eixos conceituais do evento.
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DIÁLOGOS
Encontro de palestrantes com pontos de vista, origens e “lugares de fala” diferentes
(gênero, raça, campo de atuação), buscando estimular o debate e a troca de ideias.
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WORKSHOPS ON-LINE
Propostas pela comunidade da ARQUISUR, tem como objetivo compartilhar práticas e reflexões no formato remoto, para aqueles que não podem participar de modo presencial.
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WORKSHOPS PRESENCIAIS
Laboratórios e espaços para vivências práticas acerca de temas relacionados ao enfoque do evento.
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Fique atento às datas importantes, em especial a data limite de submissão de trabalhos.
Publicação da chamada para artigos e workshops: .
Data limite para submissão de artigos e workshops.
Divulgação dos trabalhos aceitos.
Data limite para pagamento da taxa de inscrição para autores com trabalhos aceitos que desejam que seu trabalho seja publicado nos ANAIS e incluido na programação do evento.
Data limite para pagamento da taxa de inscrição com desconto.
Divulgação do cronograma das atividades do evento.
Realização do evento.
Tanto a inscrição como a submissão de trabalhos deve ser feita pela plataforma de gestão de informação do evento
clicando aqui. Fique atento às datas de inscrição com desconto e não deixe de participar.
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Até 15/09/2022 |
De 16/09 até 05/10/2022 |
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Grupo 1A | AUTORES | Autores de Artigos e Ministrantes de Oficinas Professores, pesquisadores e profissionais
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R$250 |
R$350 |
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R$150 |
R$225 |
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Grupo 2A | Participantes Professores, pesquisadores e profissionais |
R$100 |
R$150 |
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Grupo 2B | Participantes Estudantes de pós-graduação e graduaçãoo |
R$50 |
R$75 |
A submissão de trabalhos e demais insumos passíveis de avaliação pelo comitê científico
é feita integralmente pela Plataforma SISGEENCO , clicando aqui.
Mas, antes de inscrever seu trabalho, você precisa conhecer as normas e
regras de formatação exigidas pelo comitê organizador do evento, veja a seguir.
Os artigos COMPLETOS poderão ser propostos por professores (as), pesquisadores (as),
estudantes de pós-graduação e de graduação, e serão analisados por comissão científica, composta por especialistas no tema da sessão.
A Comissão Científica de cada uma das Sessões Temáticas selecionará os trabalhos com base na sua adequação formal,
originalidade, relevância e contribuição científica e acadêmica para a ÁREA.
Os trabalhos só poderão ser encaminhados por meio do sistema de submissão, clicando aqui.
A avaliação é cega, por isso é solicitado o envio de duas versões de seu trabalho.
Um arquivo deve conter identificação e o outro não poderá conter nenhum tipo de identificação do/s autor/es (as).
A identificação será feita em campos próprios no sistema online de submissão.
A apresentação de artigos nas Sessões Temáticas e nos Anais (eletrônicos)
estão condicionadas à inscrição e ao pagamento das taxas do evento por, pelo menos, um (a) dos (as) autores (as).
1) Cada artigo poderá ter, além do autor principal, no máximo, quatro co-autores.
2) Ao menos um autor ou co-autor do trabalho precisa se inscrever no evento.
3) É permitido um número máximo de dois trabalhos por autor.
Para mais detalhes, visite o menu Sessões Temáticas e conheça o conteúdo abordado por cada uma delas. Clique aqui.
Clique aqui para baixar os arquivos de TEMPLATE para o seu computador local.
1 – Apresentação oral e publicação nos ANAIS
2 – Somente publicação nos ANAIS
**Todos os trabalhos serão conferidos quanto a estas regras antes de enviá-los para avaliação.
CONFERÊNCIA MAGISTRAL: Devir floresta da cidade
AILTON KRENAK “É preciso lembrar que embaixo da cidade tem terra, e que as cidades um dia foram florestas. Em contraponto à colonização de Marte, ou ao êxodo urbano em busca de melhor qualidade de vida no campo, podemos refletir sobre o devir floresta da cidade.” Ailton Krenak é ativista indígena dos direitos humanos e autor de livros, textos e artigos publicados em coletâneas no Brasil e exterior. Nasceu no Vale do Rio Doce em Minas Gerais, pertencente à etnia Krenak. Desde a década de 1980 Krenak é membro fundamental na articulação do movimento indígena nacional e pan-americano, a partir da fundação da União das Nações Indígenas (UNI/1982) e do Núcleo de Cultura Indígena (1985), ONG cujo objetivo principal é promover as culturas indígenas. De 1987 até a atualidade coordena a “Aliança dos Povos da Floresta”, movimento que reuniu povos indígenas e seringueiros em torno da proposta de criação das reservas extrativistas, visando a proteção da floresta e das populações que nela habitam. No contexto das discussões da Assembleia Constituinte, liderou a luta pelos princípios inscritos na Constituição Federal do Brasil. Já foi premiado diversas vezes ao longo das últimas décadas: Prêmio Letellier Moffite de Direitos Humanos em Washington/EUA (1986); Prêmio Onassis – Homem e Sociedade da Fundação Aristóteles Onassis em Atenas/Grécia (1989); Prêmio Nacional de Direitos Humanos – Brasil na categoria Comunidades Indígenas (2005); Comenda de Ordem do Mérito Cultural do Brasil (2008); Prêmio Juca Pato de intelectual do ano pela União Brasileira de Escritores (2020). É idealizador e membro ativo também em atividades acadêmicas e científicas: Fundador/coordenador do programa de extensão “Centro de Formação de Apoio a Pesquisas Indígenas” na Pontifícia Universidade de Goiás (1988-1996); Integrante do corpo docente da Universidade Aberta do Brasil – UAB no curso de Especialização em Saúde Indígena da Escola Paulista de Medicina (2013); Professor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2016); Pesquisador bolsista na Cátedra CALAS-IEAT pela Universidade Federal de Minas Gerais (2021); Membro da ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS por distinção no campo da arte e da literatura (2022); Professor Honoris Causa pela Universidade de Brasília – UNB (2022). |
Mesa composta por mediadores-coordenadores das diferentes Sessões Temáticas, buscando promover uma discussão transversal entre as mesmas, à luz dos quatro eixos conceituais do evento.
ANA PAULA BALTAZAR Professora e Pesquisadora Arquiteta e Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG (NPGAU). Doutora em Arquitetura e Ambientes Virtuais pela Bartlett School of Architecture (UCL). Professora Associada do Departamento de Projetos da Escola de Arquitetura da UFMG, atuando na Graduação e na Pós-Graduação (NPGAU). Coordena os grupos de pesquisa MOM (Morar de Outras Maneiras) e Terra Comum, além de participar do LAGEAR (Laboratório Gráfico para Experimentação Arquitetônica) e Estudos Pedagogia Sócio-Espacial. "não existe arquitetura decolonial porque não existe ensino de arquitetura decolonial porque não existe arquitetura decolonial". |
TAINÁ DE PAULA Urbanista, Ativista e Vereadora do Rio de Janeiro Arquiteta e Mestre em Urbanismo pela UFRJ. Ativista das lutas urbanas e especialista em Patrimônio Cultural pela Fundação Oswaldo Cruz. Vereadora eleita no Rio de Janeiro pelo Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Principais atuações: assessoria técnica para movimentos de luta pela moradia como União de Moradia Popular (UMP) e Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST); conselheira do Centro de Defesa e Direitos Humanos Fundação Bento Rubião e da ONG Rede Nami. "Os atores do 'centro' provocaram colapso e desigualdade sistêmica". |
ALFREDO GUTIÉRREZ BORRERO Professor e Pesquisador Zootécnico, especialista em Docência Universitária, Mestre em Estudos de Gênero e Doutor em Design e Criação. Professor de Design na Universidad Jorge Tadeo Lozano (Bogotá, Colômbia). Atento ao pensamento indígena, pensamento desclassificado, descolonização e estudos do Antropoceno. "Cada prática tem seus próprios significados, colocados em uma mesma nuance faz com que essas diferenças se percam". |
RAUL VALLÉS Professor e Pesquisador Arquiteto, professor e pesquisador na área de habitação, habitat e território da Faculdade de Arquitetura da Universidad de la República/Uruguay. Coordenador da Comissão Acadêmica de Habitação da Faculdade de Arquitetura, Design e Urbanismo, com iniciativas para promover a relação entre a academia e o Estado nas questões de Habitat e Habitação Social. Assessor de diversas cooperativas de habitação, integrando equipes interdisciplinares. "As cooperativas habitacionais no Uruguai são um fenômeno complexo, multidimensional. São também um movimento social urbano de resistência à mercantilização da moradia e defesa de uma economia solidária".". |
DANIEL MAROSTEGAN E CARNEIRO Professor e Pesquisador Arquiteto e Urbanista pela Universidade de São Paulo (EESC-USP 2001), Mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos, e Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (PPGAU-UFBA). É professor da Faculdade de Arquitetura e da Residência AU+E - Curso de Especialização em Assistência Técnica em Habitação e Direito à Cidade, ambas na UFBA. Sócio-fundador da organização “Teia - casa de criação”. "Caminhar para o desenvolvimento de uma arquitetura e urbanismo de ‘código aberto’, apropriáveis, adaptáveis, reutilizáveis, cambiáveis, que, por terem essas características, possam se adequar melhor às realidades em que se inserem". |
CATHERINE OTONDO Professor e Pesquisador Arquiteta e urbanista pela Universidade de São Paulo (FAU-USP), e Doutora em Historia e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo pela mesma universidade. Publicou os livros “Maquetes de Papel”, “Itinerários de Arquitetura – Paulo Mendes da Rocha”, além do curta metragem “29 minutos com PMR”. Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Mackenzie, sócia do escritório Base Urbana, e é a primeira Presidente mulher da história do CAU/SP. "A vivência do dia a dia dos problemas coletivos nos abre a possibilidade de perceber virtudes do espaço e da convivência em comunidades precárias e densas. Este aprendizado torna-se fundamento para as oportunidades de projeto de arquitetura". |
ARQUITECTURA EXPANDIDA Projeto Coletivo Laboratório cidadão de autoconstrução física, social e cultural do território, no qual comunidades, profissionais e cidadãos assumem o interesse em sua gestão política desde a escala da rua. Trata-se de um sistema de organização flexível, para que todos os cidadãos envolvidos participem da construção do território, por meio de uma troca de conhecimentos e uma série de questionamentos em comum. "Iniciativas de autoconstrução ocorrem a partir da desconfiança das lógicas formais e institucionais de construção da cidade, que não se adaptam às necessidades e fluxos locais e, também, não reconhecem em seus cidadãos e culturas potenciais para a construção da cidade". |
PROJETO ARQUITETAS NEGRAS Projeto Coletivo Para gerar visibilidade à produção de arquitetas negras brasileiras, a mineira Gabriela de Matos e a recifense Bárbara Oliveira idealizaram, em 2018, o projeto “Arquiteta Negras”. O objetivo dessa iniciativa é mapear a produção dessas arquitetas e criar uma plataforma tanto para pesquisa quanto para contratação, para diminuir a desigualdade racial e de gênero na Arquitetura. "O Projeto Arquitetas Negras ocupa o lugar de chamar atenção para a experiência da mulher negra na arquitetura e no urbanismo no Brasil, e destaca a diversidade e multiplicidade existente neste grupo, além de reafirmar: nós não somos iguais". |
MATÉRICOS PERIFÉRICOS Projeto Coletivo Coletivo de arquitetos e estudantes de arquitetura, idealizado e liderado por Ana Valderrama e Marcelo Barrale, dedicado a fomentar e ampliar a equidade espacial das cidades latino-americanas. As principais atuações consistem na co-produção de arquiteturas participativas e na construção de uma gestão sócio comunitária. "O coletivo avançou em um ensino alternativo ao tradicional – que geralmente está condicionado a um campo estritamente especulativo (...)". |
Nesta edição do evento você poderá submeter propostas para a realização de oficinas em dois formatos: on-line e presencial.
A submissão de propostas de oficinas e demais insumos passíveis de avaliação pelo comitê científico é
feita integralmente pela plataforma SISGEENCO clicando aqui.
Mas, antes de inscrever sua proposta de oficina, você precisa conhecer as normas e regras de formatação exigidas pelo
comitê organizador do evento. Estas regras estão reunidas em um arquivo template que deve ser utilizado para confecção da proposta.
Clique aqui para acessar o arquivo template de exemplo.
COORDENAÇÃO GERAL
Profa. Dra. Eliane Constantinou – diretora da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, Departamento de Arquitetura
COMISSÃO ORGANIZADORA
Profa. Dra. Lívia Teresinha Salomão Piccinini – vice-diretora da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, Departamento de Urbanismo
Profa. Dra. Ana Elísia da Costa - Departamento de Arquitetura, FA/UFRGS
Profa. Dra. Clarice Maraschin - Departamento de Urbanismo, FA/UFRGS
Profa. Dra. Daniela Mendes Cidade – Departamento de Arquitetura, FA/UFRGS
Profa. Dra. Daniele Caron – Departamento de Design e Expressão Gráfica, FA/UFRGS
Prof. Dr. Everton S. Amaral da Silva – Departamento de Design e Expressão Gráfica, FA/UFRGS
Profa. Dra. Geisa Zanini Rorato - Departamento de Urbanismo, FA/UFRGS
Prof. Dr. Gilberto B. Consoni – Departamento de Design e Expressão Gráfica, FA/UFRGS
Profa. Dra. Heleniza Ávila Campos - Departamento de Urbanismo, FA/UFRGS
INSTITUIÇÃO PROMOTORA
ARQUISUR - Associação das Escolas e Faculdades de Arquitetura Públicas da América do Sul
INSTITUIÇÃO ORGANIZADORA
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ARTE
Profa. Dra. Priscila Zavadil Pereira
Discente – Giovane Heinrich Dourado
Discente – Norton Zorzo
Nessa sessão do website você vai receber informações essenciais para sua perfeita participação e colaboração no XXXX Encontro e XXV Congresso de Escolas e Faculdades Públicas de Arquitetura da América do Sul (ARQUISUR).
Para dúvidas gerais ou se você gostaria de falar com a secretaria do evento basta utilizar o formulário de contato logo abaixo. Se você tem alguma dúvida técnica sobre a utilização do SISGEENCO acesse a plataforma e abra um chamado para a equipe de suporte técnico.