Ementa: O Grupo de Trabalho objetiva aprofundar os debates teóricos e metodológicos sobre as relações entre cidades e regiões produtivas que se alicerçam muito fortemente nas atividades associadas ao agronegócio globalizado, calcadas no tripé reestruturação produtiva, neoliberalismo e capital financeiro. Entre os principais temas que orientam a inscrição de trabalhos neste GT, destacamos: Produção agropecuária globalizada, relações campo-cidade e reestruturação urbano-regional; Expansão do agronegócio e da urbanização: agentes, dinâmicas e repercussões nos territórios regionais; A divisão territorial do trabalho e o funcionamento da rede urbana nas regiões produtivas do agronegócio; Consumo produtivo do campo, especialização da cidade e circuitos da economia urbana; A cidade na gestão do agronegócio globalizado; A produção agropecuária em rede: os circuitos espaciais de produção de commodities; Agronegócio globalizado e urbanização corporativa; Especialização em commodities e vulnerabilidade das cidades e regiões; Desigualdades socioespaciais nas cidades do agronegócio; Agricultura, logística e circuitos de distribuição urbanos metropolitanos.
Ementa: A emergência das novas tecnologias de informação e comunicação tem gerado impactos profundos no campo dos estudos urbanos que ainda são pouco abordados pela Geografia. Além dos cadastros e estatísticas públicas, o avanço no uso de dados inovadores - como os de “Informação Geográfica Voluntária”, “raspagem de dados web”, conteúdos de mídias sociais e iniciativas de “Coleta Coletiva de Dados” e “Ciência Cidadã” - estão sendo cada vez mais incorporados aos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) para análises do espaço geográfico. Assim, considerando a importância das cidades na formação socioespacial brasileira e as desigualdades e diferenciações socioespaciais que marcam (de modos variados) seus subespaços (tanto no nível intraurbano como no plano regional), o presente grupo de trabalho visa contribuir para promover esta perspectiva analítica na pesquisa em Geografia Urbana, reunindo estudos centrados na análise socioespacial do espaço urbano com uso de SIG. A temática congrega uma agenda frutífera de investigações concernentes à compreensão de espacialidades urbanas, dentre as quais se pode mencionar: Avaliação da distribuição de serviços, equipamentos e investimentos públicos e privados; Caracterização de perfis sociodemográficos das populações e sua correlação com aspectos da organização espacial (incluindo a identificação de possíveis padrões de segregação), a partir de variáveis censitárias ou cadastrais; Uso de técnicas de interpolação espacial a partir de dados pontuais (amostrais ou de eventos) para análises de tendências espaciais (preços do solo urbano, exposição a fatores de vulnerabilidade/risco socioambiental, criminalidade etc.); Mensuração e representação espacial de rotas e fluxos (de pessoas, transportes, informações etc.);Operações de avaliação multicritério, adequadas para orientar a dotação de investimentos; Análises de autocorrelação espacial de fenômenos em âmbitos intraurbano e regional, e Avaliação crítica sobre a influência da chamada “Revolução dos Dados” no planejamento urbano e a compreensão do fenômeno das “Cidades Inteligentes” (SmartCities).
Ementa: A crise urbana nos leva a várias reflexões, especialmente àquelas que envolvem as multiplicidades de abordagens sobre as transformações físico-territoriais, sociais e econômicas que incidem nos espaços não-metropolitanos. O objetivo desse grupo é abordar as cidades médias e pequenas, reunindo pesquisadores da Geografia e ciências correlatas para expor e debater os resultados de pesquisa e pautas necessárias para contribuir na compreensão, gestão e planejamento desses espaços. Nessa direção, a proposta é identificar as interações e experiências espaço-temporais produzidas por/nas cidades médias e pequenas e avaliar em que medida elas alteram-se (ou não) frente a esses processos, com base nos eixos: 1) Produção do espaço e novas dinâmicas nas escalas intraurbana e urbano-regional; 2) Desigualdades, segregações e fragmentações socioespaciais, com foco nas lutas de classe; e 3) Representações e questões identitárias, com ênfase no racismo, gênero, religião, etc. Não obstante a complexidade e atualidade dos temas, incluindo os desafios contemporâneos e o caráter transescalar do debate, o grupo reunirá esforços coletivos no intuito de avançar na reflexão sobre médias e pequenas cidades do Brasil e contribuir para a análise da sociedade e do mundo contemporâneos, com um olhar que vem da realidade urbana não metropolitana.
Ementa: A temática da urbanização orientada pelo desenvolvimento do capitalismo industrial caracterizou-se pelo intenso crescimento do número e do tamanho das cidades, levando à intensificação do processo e à mudança de sua qualidade, o que foi expresso pelo papel protagonista exercido pelas metrópoles no que se refere ao comando econômico e político, e, sobretudo, aos modos de ser, pensar e viver da sociedade. As redefinições pelas quais o modo de produção vem passando, nas últimas décadas, constituem um novo momento, o que se reflete e se apoia na própria reestruturação urbana e das cidades. Há uma nova divisão interurbana do trabalho e uma nova divisão social e econômica dos espaços urbanos, o que tem rebatimento nos papéis exercidos por todas as cidades das redes e sistemas urbanos. A compreensão dos territórios tornou-se mais complexa e as cidades médias, aquelas que desempenham funções de intermediação na rede urbana, vêm revelando o escopo de tais mudanças, num período de intensificação das relações internacionais, sob a égide da globalização. Algumas delas ampliam seus papéis, outras perdem posição na hierarquia urbana, várias se articulam não apenas no âmbito das redes a que pertencem, mas também na escala internacional, além de expressarem conteúdos e agentes econômicos regionais relevantes em suas conexões com as metrópoles. Tendo em vista este quadro, o modo como as articulações entre escalas geográficas efetuam-se no período atual requer a ampliação e o aprofundamento da reflexão sobre as relações entre cidades e entre elas e o campo. Nesse contexto, ocorrem amplas alterações acerca da localização industrial, da atividade comercial e dos serviços, com operações em redes por grandes e médias companhias (regionais, nacionais ou internacionais), tais como os shopping centers, hipermercados, sistema de franquias etc. Por fim, é importante reconhecer o legado dos estudos relativos às metrópoles, tanto no plano conceitual como no plano empírico, mas destacar que a construção de uma ampla teoria sobre a urbanização exige a leitura ampla das redes e sistemas urbanos. Como refletir sobre as cidades médias numa teoria da urbanização para o Século XXI? Quais conceitos poderiam ser propostos para embasamento teórico da análise? Quais práticas metodológicas estariam correlacionadas a estes instrumentos teóricos? Como avançar das noções em uso para conceitos articulados a teorias?
Ementa: A temática da urbanização orientada pelo desenvolvimento do capitalismo industrial caracterizou-se pelo intenso crescimento do número e do tamanho das cidades, levando à intensificação do processo e à mudança de sua qualidade, o que foi expresso pelo papel protagonista exercido pelas metrópoles no que se refere ao comando econômico e político, e, sobretudo, aos modos de ser, pensar e viver da sociedade. As redefinições pelas quais o modo de produção vem passando, nas últimas décadas, constituem um novo momento, o que se reflete e se apoia na própria reestruturação urbana e das cidades. Há uma nova divisão interurbana do trabalho e uma nova divisão social e econômica dos espaços urbanos, o que tem rebatimento nos papéis exercidos por todas as cidades das redes e sistemas urbanos. A compreensão dos territórios tornou-se mais complexa e as cidades médias, aquelas que desempenham funções de intermediação na rede urbana, vêm revelando o escopo de tais mudanças, num período de intensificação das relações internacionais, sob a égide da globalização. Algumas delas ampliam seus papéis, outras perdem posição na hierarquia urbana, várias se articulam não apenas no âmbito das redes a que pertencem, mas também na escala internacional, além de expressarem conteúdos e agentes econômicos regionais relevantes em suas conexões com as metrópoles. Tendo em vista este quadro, o modo como as articulações entre escalas geográficas efetuam-se no período atual requer a ampliação e o aprofundamento da reflexão sobre as relações entre cidades e entre elas e o campo. Nesse contexto, ocorrem amplas alterações acerca da localização industrial, da atividade comercial e dos serviços, com operações em redes por grandes e médias companhias (regionais, nacionais ou internacionais), tais como os shopping centers, hipermercados, sistema de franquias etc. Por fim, é importante reconhecer o legado dos estudos relativos às metrópoles, tanto no plano conceitual como no plano empírico, mas destacar que a construção de uma ampla teoria sobre a urbanização exige a leitura ampla das redes e sistemas urbanos. Como refletir sobre as cidades médias numa teoria da urbanização para o Século XXI? Quais conceitos poderiam ser propostos para embasamento teórico da análise? Quais práticas metodológicas estariam correlacionadas a estes instrumentos teóricos? Como avançar das noções em uso para conceitos articulados a teorias?
Ementa: A negação da cidade enquanto obra advém de sua captura pela reprodução capitalista e a consequente submissão à forma mercadoria. As equivalências desse processo configuram um tipo de alienação espacial, na qual a tessitura têmporo-espacial, própria de um tempo diferencial, é aplainada em favor de um estilo abstrato de vida. Com efeito, o cotidiano assim vivido é simulacro, mas uma totalização assim requereria um sistema de cuja constituição duvida-se, dado que existem outros processos irredutíveis à forma mercadoria. A generalização desse modo de produção, que corresponde à ascensão do moderno pela incorporação da ciência e da tecnologia na reprodução em geral, redefine o lugar da cidade e do urbano na reprodução da sociedade. Nestes termos, a acumulação de capitais e a reprodução sempre ampliada criam necessidades e descompassos que, desde muito cedo, se revelariam críticos. Esse deslocamento das bases originais da produção capitalista fica despercebido (invisibilizado), porque há uma tendência a naturalizar esse movimento, que consiste nas sucessivas metamorfoses do uso do tempo e do espaço social. Na verdade, a submissão do tempo e do espaço pelas determinações da reprodução capitalista cria a escassez de ambos. A luta pelo tempo e pelo espaço, por meio de embates em torno dos ritmos, é a forma como se atualiza a luta de classes. A produção do urbano está no plano da dialética do possível-impossível, de seus encontros e desencontros, aberturas e embotamentos. Acessá-lo implica um horizonte de interpretação que não tome o presente como absoluto; trata-se do horizonte da presença, o que não dispensa a regressão de campos espaço-temporais pregressos. Assim, tensionam-se crise e crítica, expondo os limites do empirismo de boa vontade e do pensamento abstrato em si. O horizonte do debate necessário adere ao plano do categorial e conceitual, como acesso em profundidade de conteúdos determinados, de novos conteúdos.
Ementa: A temática deste GT é ampla e abrange conteúdos fundamentais para o entendimento do espaço urbano no mundo contemporâneo. Esse grupo de trabalho está aberto ao debate entre as várias correntes de pensamento da Geografia Urbana voltadas para essa temática específica, com suas novas problematizações e debates interdisciplinares para o entendimento das atuais conjunturas socioespaciais e políticas que alteram a vida coletiva urbana. Em síntese, as novas formas e processos que atingem a economia urbana, o trabalho, o comércio e o consumo no período atual tornam-se elementos fundamentais na formulação e reelaboração de teorias sobre a urbanização e a cidade. Daí a importância de reunir reflexões conceituais e estudos empíricos que deem ênfase a esses aspectos. Consideramos importante destacar algumas questões relevantes – diante da diversidade de problemas a serem tratados por esse GT – para que possamos conferir certa unicidade ao debate a ser desenvolvido. A maneira como as forças produtivas de uma sociedade se encontram organizadas para a sua reprodução se constitui em ponto de partida para se entender o espaço apropriado para esse fim. O espaço urbano, fruto das relações de produção existentes no atual momento de desenvolvimento do capitalismo, é a condição fundamental para sua reprodução. Observa-se, cada vez mais claramente, que nesse momento de financeirização do sistema capitalista, o espaço urbano passa a ter uma importância vital na condição de mercadoria para a reprodução do capital. A financeirização da economia alterou as condições de trabalho não apenas em suas dimensões técnicas e territoriais, como também no que tange à participação nos frutos da produção; as desregulamentações ocorridas no âmbito trabalhista revelam uma precarização que se acentua a cada dia. Tudo isto busca atender às receitas impostas pelo neoliberalismo que só tem aumentado a concentração financeira. No âmbito comercial, isto se torna evidente no espaço urbano. Mudanças substantivas no sistema de distribuição estão reconfigurando as bases territoriais. Surgem novas firmas e formas de trabalho artesanais e comerciais, atuando em diversas escalas geográficas, criando associativismos e relações em rede, gerando concentrações no espaço urbano de caráter multifuncional, ampliando a complexidade entre a estruturação e as articulações no espaço, consolidando a diferenciação espacial entre a hierarquia e heterarquia urbanas. A concentração financeira, dado basilar das novas estruturas empresariais, polariza a distribuição correspondente ao pequeno comércio e às formas mais simples de produção de mercadorias (a artesanal), evidenciando uma mutação comercial que associa o setor privado da economia a ações públicas mediante políticas de reestruturação urbana que requalificam e revalorizam o espaço. Em face dessa dualidade nas cidades e na distribuição, o comércio popular também se reorganiza, instituindo novas formas de inserção na economia urbana, capitalizando-se e incorporando técnicas e logísticas de distribuição. Esses espaços produtivos e/ou comerciais se constituem na condição de reprodução social futura. No que tange ao consumo urbano, as mutações também se tornaram evidentes. As redes globais de informação dão forma a novos consumidores cuja participação na sociedade assume proeminência nas estratégias mercantis. Somam-se a isso as dimensões econômica e social e a valorização de uma cultura do consumo. Diante da multiplicidade de mercadorias a consumir o indivíduo define-se como um elemento fundamental no processo que envolve produção, distribuição e consumo urbanos e as marcas nesse aspecto tem um papel relevante, não só nas mercadorias de consumo imediato, mas também porque passam a “marcar” determinados espaços urbanos que se tornam referências (como os shopping-centers) para outros espaços da cidade que buscam se assemelhar a eles. Nessas circunstâncias, o espaço da vida cotidiana apresenta-se redefinido e se redefine com muita rapidez. O consumidor está constantemente diante de novas possibilidades de participação no consumo, através do que consolida (ou não) novos espaços comerciais e esta é uma dimensão fundamental ao desenvolvimento do atual momento do capitalismo.
Ementa: Desde a década de 1990, com a criação de marcos regulatórios e de novos instrumentos financeiros, a abertura do território brasileiro para o neoliberalismo e aproximação entre o imobiliário e o financeiro se intensificam. Com a crise financeira global de 2008, intrinsecamente vinculada à propriedade e ao imobiliário, verifica-se uma articulação mais intensa entre os processos de financeirização e de produção do espaço. Nas cidades e metrópoles este fenômeno amplia-se com a produção imobiliária lastreada pelo uso de uma série de inovações financeiras, como os fundos de investimentos imobiliários, os fundos de privateequity, as debêntures, os créditos de recebíveis imobiliários, a emissão de ações por incorporadoras, dentre outros. Acrescente-se a isso as formas avançadas de articulação da sociedade com o sistema bancário e financeiro, o crescimento de indivíduos tornando-se investidores, a difusão de modalidades de crédito para consumo e a expansão de plataformas e tecnologias para o uso e a troca de serviços e mercadorias, fenômenos esses que operam diretamente na produção do espaço e evidenciam o processo de financeirização do cotidiano. É evidente que a produção do espaço urbano tem como tendência uma aproximação decisiva com as dinâmicas e agentes da financeirização, tornando a propriedade, a cidade e a natureza em ativos financeiros. A proposta do GT Financeirização da Produção do Espaço Urbano é atualizar a agenda dos debates sobre as interfaces entre o imobiliário e o financeiro, os avanços da articulação entre a sociedade e o mundo das altas finanças, o capitalismo de plataforma e suas vinculações com o processo de financeirização, o uso da natureza como ativo financeiro nos produtos imobiliários, a produção imobiliária de mercado e a financeirização da política habitacional, as recentes estratégias imobiliárias e mecanismos financeiros e a expansão de incorporadoras regionais e nacionais.
Ementa: A necessidade crescente de problematizar o papel do conhecimento da cidade e de seus temas sobre o urbano e a urbanização no ensino de Geografia e reconhecer as formas de apropriação urbana pelos povos e comunidades, bem como o debate na escola sobre esses povos tradicionais são desafios desse grupo de trabalho. Os dois temas não são novos na Geografia, e apesar do ensino da cidade ser um conteúdo dentro do ensino da geografia escolar, ainda precisa de uma maior reflexão sobre o urbano no Brasil, entre suas diferentes escalas de análises espaciais. Os dois temas se convergem quando buscam dialogar sobre a educação diferenciada, ou seja, aquela que traz nas diretrizes curriculares, as referências culturais das comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras, ribeirinhas e pesqueiras. É importante a valorização do lugar, pois muitos desses lugares se encontram em contextos urbanos e metropolitanos, nas periferias e favelas e em contextos de vilas e povoados das cidades pequenas e médias. Esses povos e as escolas vivem na interação com muita dinâmica dos modos de vida urbanos, das inflexões do meio técnico científico informacional e da globalização da economia e da cultura. O GT abraça os seguintes temas: Cidade no ensino de Geografia. Geografia e Pesca artesanal. Comunidades tradicionais e suas relações com a cidade e o urbano. Cidade educadora e educação urbana em diferentes contextos culturais. Sujeitos e apropriação urbana, povos tradicionais, juventudes, crianças. Educação popular. Educação diferenciada. Gestão urbana, escola e formação cidadã. Escola e direito à cidade. Desenvolvimento dos raciocínios geográficos, culturais em contextos urbanos. Educação socioambiental, urbano e a natureza. Ambiente, cultura e vida urbana
Ementa: A Geografia Histórica é um campo específico de análise da Geografia legitimado pelas mais diversas entidades científicas. Entretanto, sem perder de vista o reconhecimento de que as perspectivas interdisciplinares são fundamentais para o enfrentamento da complexidade crescente que caracteriza o espaço urbano, o GT Geografia Histórica Urbana objetiva reunir estudos, análises e ideias que enfatizem a importância das relações entre espaço e tempo a partir das contribuições da Geografia, particularmente de uma Geografia Urbana com perspectiva histórica. Ao reconhecer-se que nos feitos humanos a temporalidade da ação adquire materialidade com a aderência ao espaço, percebe-se a necessidade de congregar pesquisadores em um fórum para debater as perspectivas teóricas e metodológicas que remetam a análise do espaço urbano a tempos pretéritos. O conhecimento do passado muito embora seja objeto específico da História requer um olhar específico da Geografia, cuja contribuição vem demonstrando a sua relevância através de obras e de escritos de autores nacionais e internacionais, e reconhecimento nos encontros acadêmicos interdisciplinares. Todavia, verifica-se a necessidade de aprofundar o debate no âmbito da Geografia Urbana para que se possa discutir os pressupostos teóricos, as perspectivas metodológicas e ainda os resultados de análises que contribuam para o fortalecimento deste campo do saber.
Ementa: O desenvolvimento das Geotecnologias e das técnicas de Análise Espacial tem promovido uma revolução nas investidas espaciais, particularmente na perspectiva dos estudos urbanos. Seja no contexto da produção de conhecimento ou na perspectiva da intervenção, as cidades têm sido interpretadas, em diversas escalas, com o auxílio dos aparatos que envolvem as Geotecnologias e as técnicas de Análise Espacial. Por isso, urge que se debatam questões teórico-conceituais e operacionais presentes no estudo do espaço urbano enfatizando, em particular, o papel das Geotecnologias e da Análise Espacial na estruturação e análise das cidades. Neste GT, pretende-se agregar contribuições científicas que envolvam a utilização de Geotecnologias no estudo das cidades e no planejamento urbano; os métodos de representação espacial; o desenvolvimento e aplicação de indicadores socioeconômicos e socioambientais; os estudos sobre áreas de risco, de vulnerabilidade social etc.; Sensoriamento Remoto e urbanização; o estudo de temas diversos tratados na perspectiva urbano-espacial, como violência, pobreza, segregação, economia, demografia, água, áreas verdes etc. Nesta ampla agenda de discussão, emergem questões de fundo conceitual bem como aspectos operacionais ligados ao uso e acesso às bases de dados geoespaciais, tais como: Qual o potencial atual das geotecnologias na análise das relações socioambientais? O que é a geografia do Ciberespaço? Qual o papel das geotecnologias na análise multiescalar dos espaços urbanos? Como as geotecnologias podem potencializar a produção da informação geográfica gerada por usuários através dos dispositivos móveis, como tablets e smartphones? De que forma as técnicas de análise espacial têm sido utilizadas na produção e análise de indicadores socioterritoriais urbanos? Qual relevância da geoinformação em uma sociedade em rede? Como a jurisdição geográfica da Internet interfere na regulação soberana entre os países e na produção imaterial do espaço urbano?
Ementa: Este GT tem como escopo debater a complexidade das relações entre o Estado e a constituição do “urbano” na contemporaneidade. Em tempos de globalização, financeirização e tecnificação espacial, a produção do espaço urbano oferece um importante objeto analítico: a ação do Estado, em seus diferentes aportes institucionais e local-regionais, na atual reestruturação (sócio)espacial das cidades, através dos diferentes ritmos de desenvolvimento técnico-produtivo, de políticas públicas multifocais e das resistências políticas a estas ações e processos de gentrificação. Na atual financeirização ostensiva, o Estado adequa-se continuamente às mutações da realidade político-econômica, articulando sua forma neoliberal – ainda que a estética de um mercado autorregulatório não consiga ocultar a transmissão de dividendos e benefícios ao capital – com o fortalecimento de suas ações (alicerçadas em parcerias público-privadas), que tem implicado em novos investimentos no urbano, através de grandes projetos em diversas esferas como habitação, logística produtiva e mobilidade urbana. Há também uma mudança na relação com o território, que extravasa o campo epistêmico-conceitual e atravessa a própria noção de poder, escala e identidade. Novos territórios e produtos imobiliários emergem a partir desta relação entre Estado, urbanização e capital corporativo. A intenção deste GT é congregar pesquisadores/as que ofereçam estudos de diferentes realidades de gestão urbana para pensar as ações articuladas entre o Estado e o capital corporativo, que impõem aos usos e apropriação dos territórios a necessidade constante de readequação estrutural, com políticas urbanas de planejamento estratégico e requalificação, revitalização e reordenamento das cidades. A atual urbanização, marcada por meganegócios, empreendimentos corporativos, citymarketing e estratégias público-privadas, é resultado do modelo de desenvolvimento em curso e suas matizes políticos, econômicos, sociais e espaciais. Neste campo, entre ideologias e utopias, apontar possibilidades de governança democrática e gestão participativa torna-se uma exigência para todos/as que objetivam construir criticamente novas formas de produção e apropriação do espaço urbano.
Ementa: Três pontos centrais justificam a necessidade do debate metodológico no âmbito dos estudos urbanos: i) há certos silenciamentos acerca dessa reflexão que, muitas vezes, leva os geógrafos e geógrafas a recorrerem a outros campos disciplinares sem considerações epistemológicas prévias; ii) a natureza multidimensional da pesquisa exige-nos rever, com mais frequência, amplitude e correlações, o repertório conceitual e o modo como analisamos os processos, já que é a partir da execução dos instrumentos metodológicos que as informações e dados são produzidos/obtidos; e iii) as opções e escolhas metodológicas, os posicionamentos e as corporeidades dos pesquisadores e pesquisadoras não são irrelevantes na execução das pesquisas. Tudo isso tem impacto nos resultados e nas análises. Na pesquisa urbana, em particular na Geografia, a dimensão espacial deve estruturar a construção do objeto de análise, a formulação dos questionamentos, o modus operandi de problematizar e apresentar resultados e, principalmente, o jogo escalar necessário para relacionar o objeto com dados no tempo e no espaço. Isso indica que o debate metodológico baseado em outros campos disciplinares pode ser insuficiente para atender às necessidades das pesquisas geográficas, especialmente nos estudos urbanos. O que é o campo para os geógrafos, como o delimitamos? Que instrumentos teóricos e metodológicos fazem a mediação da nossa relação em campo? Como lidamos com as teorias em relação à realidade empírica? Que concepção de sujeito e de realidade orientam a condução das nossas pesquisas e as interações que realizamos? E que instrumentos usamos para analisar os resultados obtidos? Essas questões fundamentam a proposta deste Grupo de Trabalho, que surge do desejo de debater e dar maior visibilidade às questões metodológicas na construção de caminhos para as pesquisas urbanas, buscando, sobretudo, uma instrumentalização que corresponda às problemáticas construídas e que essas reflexões compareçam nos textos oriundos das pesquisas.
Ementa: Esta proposta tem como objetivo recuperar a discussão acerca da metrópole, mas também do processo de metropolização que traz nova dinâmica à produção do espaço. Vivemos um momento em que se faz necessário, inclusive, rever as perspectivas teórico-metodológicas para que sejamos capazes de compreender a dinâmica espacial contemporânea. Além disso, trata-se de refletir sobre a alteração das estruturas pré-existentes. Trata-se, aliás, de pensar a transcendência das características metropolitanas a todo o espaço. A dinâmica do processo de metropolização tem contribuído para a transformação do mercado do solo urbano, que passa por intensa valorização. Esse fato acaba por estender intensamente a área urbana, comprometendo, inclusive, o rural que se encontra, integrado cada vez mais a esse processo especulativo. É cada vez mais comum ouvirmos falar de renovação, revitalização ou reabilitação urbana, processos que quase sempre inviabilizam a permanência dos antigos moradores. Tais transformações, de cunho social e espacial, que demandam novas formas de pensar e de problematizar o planejamento e a gestão urbana e regional, sugerem, igualmente, esforços acadêmicos com o intuito de aprofundar, sistematizar e propor novas leituras da relação entre metropolização do espaço, metrópole e dinâmica espacial contemporânea. É nesse sentido que o SIMPURB se constitui um espaço privilegiado para a realização de discussão tão cara ao desenvolvimento da ciência geográfica.
Ementa: As dinâmicas econômicas e sociais materializadas as diferentes escalas do urbano, do Brasil, da América Latina e do mundo reestruturam e reconfiguram as fronteiras, a urbanização, as interações espaciais, bem como as distintas mobilidades e migrações contemporâneas. Nas cidades, espaços visíveis da intensa mobilidade humana e da presença de migrantes em múltiplas trajetórias, manifestam-se diversos conflitos e espacialidades derivados do entrecruzamento de vivências ao mesmo tempo universais e singulares/particulares aos sujeitos em movimento. Diante da relevância desses fenômenos, como, no período atual, conceituar a mobilidade em suas múltiplas dimensões e do trabalho em particular? Quais as problemáticas vinculadas à mobilidade e à migração nos espaços urbanos do Brasil e/ou da América Latina do século XXI? Qual o novo papel da inserção global de nossas metrópoles e suas repercussões quanto à mobilidade e à segregação espacial, na escala local/regional urbana? Como analisar as territorialidades dos migrantes nas cidades, por meio de suas múltiplas dimensões (econômica, política, cultural)? É possível considerar a produção imobiliária na cidade, a (i)mobilidade e o surgimento de novas fronteiras como caminhos para explicar as dinâmicas urbanas contemporâneas? Quais as relações existentes entre crise econômica, social e sanitária e a presença cotidiana dos migrantes nas cidades de diferentes portes e funções urbanas? Qual o impacto da recente pandemia, das mudanças climáticas e do agravamento da crise econômico-política nos fluxos migratórios? Essas questões demonstram a importância crescente do debate por meio de pesquisas vinculadas à temática.
Ementa: Discutir a centralidade da dimensão espacial para a compreensão das manifestações culturais de diferentes grupos sociais urbanos é objetivo deste Grupo de Trabalho. Essa perspectiva analítica implica em valorizar a indissociabilidade entre tempo e espaço. Tradicionalmente, as diversas manifestações culturais nas cidades foram entendidas como eminentemente ligadas às temporalidades, sendo as espacialidades relegadas ao segundo plano. Trazer a dimensão espacial para o centro da análise significa, sobretudo, considerar o espaço não apenas como um palco em que as manifestações culturais urbanas acontecem, mas entendê-lo como construção social, histórica e geográfica concreta e, como tal, participante ativo e condicionante das formas e manifestações culturais urbanas. Os desafios para a compreensão das práticas culturais na produção das cidades envolvem o entendimento do urbano como espaço, por excelência, de desigualdades de acesso a moradia, ao trabalho, ao lazer, aos estudos, bem como do acesso aos bens de consumo coletivo etc. Por outro lado, essa compreensão estaria incompleta sem a consideração das possibilidades que os distintos grupos sociais têm de, por intermédio de suas práticas espaciais, romper e contornar as imposições da cotidianidade, para recorrer a autores como Michel de Certeau ou mesmo Henri Lefebvre. A valorização dos elos entre ação política e arte no espaço urbano, por exemplo, passa pelo reconhecimento de ações culturais que amplificam reivindicações sociais e pela identificação de usos do espaço urbano pelos movimentos sociais, com suas formas de apropriação subjetivas, que evidenciam suas identidades e territorialidades. Nesta perspectiva, as práticas culturais que produzem o urbano incluem a disputa de capital simbólico na cena urbana, discursos, imagens, conflitos e lutas sociais, que tornam a política elemento chave na discussão.
Ementa: Urge a reflexão sobre os conteúdos sociais do espaço urbano no movimento do processo atual de acumulação capitalista. Esses necessitam ser analisados e compreendidos a partir da perspectiva geográfica sinalizando o papel da produção do urbano na atualidade. Assim, pensar um modo de fazer a geografia urbana por dentro do pensamento crítico, num momento em que este pensamento se coloca como residual é fundamental. É mais fácil produzir uma geografia que não questiona a produção do espaço como momento produtivo do capital e lugar dos conflitos que iluminam as contradições na qual o capitalismo se realiza, por isso o pensamento teórico é fundamental na compreensão da realidade, pois exige a recusa de um pensamento separado do mundo. Isto é, faz-se necessário um pensamento capaz de desvendar e interpretar as contradições que movem o presente. Nesse sentido, a aparente transparência do espaço apresenta-se como um problema. Ela obscurece os conteúdos contraditórios da realidade social e da produção social do espaço. Aqui prevalece o imediato, e, pela indiferença com a teoria, nos faz cair nas armadilhas que transformam, por exemplo, o crescimento econômico em desenvolvimento social. Por isso há a necessidade de se analisar teoricamente e na radicalidade os processos e novos conteúdos da realidade socioespacial. Esse é um dos grandes desafios.
Ementa: A produção do espaço-mercadoria envolve uma multiplicidade de agentes, que possuem diferentes hierarquias de poder, interesses e necessidades e, na sua reprodução, se constitui elemento fundamental de contradições, conflitos e disputas desiguais pela cidade. Esse processo produz e reproduz desigualdade de acesso à terra urbana, aos equipamentos e meios de serviços coletivos e à infraestrutura, impondo desse modo à injustiça espacial, sobretudo, para as populações residentes nas periferias e bairros pobres. Na realidade espacial urbana, há pouquíssimos aspectos que não estão profundamente vinculados às políticas de Estado. A regulação da política urbana passa pela compreensão da relação dialética entre o Estado e a sociedade civil, onde o primeiro abarca a última de forma desigual e contraditória, assumindo compromissos antagônicos como manter a estrutura de classes e estabelecer ações para minimizar os conflitos sociais. O atendimento das necessidades de diferentes frações de classes depende das forças sociais em disputa e principalmente da direção dos blocos no poder bem como da organização e atuação de movimentos populares. Se as políticas urbanas não alteram a dinâmica socioespacial em sua totalidade, reconhecem as desigualdades, potencializam o valor de uso permitindo conquistas sociais e ao mesmo tempo aceleram o valor de troca atendendo aos interesses da produção imobiliária e à acumulação do capital. No atual período histórico indagamos sobre as condições de luta nas cidades entre os agentes tipicamente capitalistas, os movimentos populares urbanos e o Estado em suas diferentes instâncias. A proposta desse grupo de trabalho é propiciar o encontro de pesquisadores, que coloquem suas pesquisas a partir de uma perspectiva crítica e de resistência, estudos teóricos conceituais e práxis relativas às conquistas, perdas, conflitos e contradições, tendo como norte a tríade Estado Capitalista-Políticas Públicas Urbanas-Movimentos Populares Urbanos.
Ementa: O contexto contemporâneo tem imposto novas lógicas de produção e apropriação do espaço que vêm ampliando e aprofundando as desigualdades socioespaciais. Desse modo, esta proposta de Grupo de Trabalho (GT) visa contemplar três dimensões atinentes a essas dinâmicas em aglomerações urbanas brasileiras: a produção imobiliária, a segregação socioespacial e a insegurança urbana. Tais dimensões podem ser investigadas de diversas formas, em que destacam-se as análises da questão fundiária, dos produtos imobiliários, da atuação e/ou coalizão de agentes produtores do espaço, da expansão urbana, das práticas socioespaciais, dentre outros aspectos que envolvem o processo de produção do espaço. A diferenciação socioespacial, que se manifesta concretamente em estratégias que abrangem desde a elaboração da legislação urbana à ocupação de áreas específicas com empreendimentos autossegregados, repercutem no cotidiano da cidade. O mercado imobiliário se beneficia com o discurso da violência, produzindo espaços residenciais fechados e murados, intensificando os processos de segregação socioespacial. A mídia e as ações policiais dão destaque à violência vivenciada nos vetores espaciais mais empobrecidos do espaço urbano, produzindo uma sensação de insegurança urbana que atinge a cidade como um todo. Sendo assim, o debate do GT ora proposto visa aprofundar as discussões relativas a essas novas dinâmicas urbanas, avançando na produção do conhecimento empírico, teórico-conceitual e metodológico.
Ementa: O GT procura reunir pesquisas que versam sobre as redes urbanas, dando destaque aos seus diversos conjuntos de centros urbanos, dotados de um leque variado de funções de natureza pública e privada, bem como de uma base territorial que possibilita a realização de múltiplos fluxos entre os centros de um mesmo segmento de rede, entre os diversos segmentos de redes urbanas, entre as regiões e entre os países, num espaço mundializado, de modo a revelar uma complexa divisão técnica, territorial e social do trabalho, marcada por novo patamar de acumulação. Assim, os estudos sobre a rede urbana mostram-se fundamentais para a compreensão da realidade social e espacial de uma região ou de um país, evidenciando reestruturações que se manifestam por meio de uma diversidade de formas, funções e processos, que envolvem uma gama de agentes sociais, políticos e econômicos, cujas ações são desiguais e assimétricas. Cabe, portanto, entender os papéis das cidades pequenas, das cidades médias e das metrópoles, bem como a natureza hierárquica ou heterárquica das interações espaciais estabelecidas, cuja complexidade multiescalar sugere um processo de urbanização regional. Nesse contexto, acelera-se o tempo do acontecer e a rede urbana é estilhaçada e ampliada, com a definição de novas formas e novos conteúdos, dada a complexidade funcional e a intensidade das interações espaciais, o que resulta em uma diversidade de padrões geográficos. Como efeito, além da importância dos estudos sobre rede urbana para a academia, sendo imprescindível à Geografia, sua relevância é notória para o planejamento urbano, regional e nacional. Assim, o diálogo será fundamentado em três eixos de análise: 1. Rede urbana e urbanização regional, incluindo contribuições teóricas e metodológicas acumuladas no campo geográfico; 2. Dinâmicas socioespaciais e socioterritoriais e planejamento e gestão urbano-regional; 3. Novas espacialidades, práticas e agentes na rede urbana.
Ementa: Este grupo de trabalho propõe reunir pesquisas que discutam fundamentos e desdobramentos da reestruturação urbana e econômica no Brasil. Pensar esse processo leva à reflexão sobre a combinação contraditória de desconstrução e reconstrução, de permanências e mudanças de formas espaciais articuladas às funções e processos contraditórios. Por isso, propõe-se a abordagem de: 1) a maior diferenciação funcional dos espaços urbanos regionais em consequência da reestruturação produtiva das empresas, do dinamismo das redes técnicas, das mudanças na comercialização de produtos e da expansão e diversificação de serviços; 2) a materialização de novos espaços de produção, consumo e moradia, pautados por processos imobiliários e financeiros; e 3) a atuação de diferentes agentes na produção dos espaços urbanos, na perspectiva de processos que apontam para transformações espaciais e temporais nas diversas realidades urbanas do território nacional e que implica na necessária rediscussão de nossos instrumentos teóricos e metodológicos
Ementa: A análise crítica da dinâmica social a partir da territorialidade, dimensão fortemente negligenciada nas pesquisas acerca dos conflitos e ativismos sociais no âmbito mais amplo das Ciências Sociais, contribui para o avanço teórico-conceitual e metodológico do campo da Geografia ao aprofundar o debate acerca dos conflitos no espaço urbano, seja como objeto das lutas, como forma de viabilizar a ação social no seu próprio desenrolar ou como pressuposto ontológico da produção desses espaços. Diante disso, o Grupo de Trabalho parte do território como elemento catalisador e motivador dos conflitos, particularmente no que se refere às práticas sócio-espaciais. Ressalte-se também a valorização do investimento metodológico das pesquisas no campo da Geografia, o que envolve reflexões dedicadas a explorar metodicamente aspectos como as distintas posições adotadas e/ou identificadas nas pesquisas (incluindo posicionamentos epistemológicos), as opções teórico-conceituais envolvidas (escalarizações, periodizações, perspectivas e instrumentos de análise etc.) e as formas de organização e realização das investigações (identificação dos problemas centrais, apresentação dos objetivos, identificação justificada das informações consideradas relevantes, tratamento e uso de fontes variadas, definição dos procedimentos de acesso e sistematização das informações coletadas, produção dos dados, criação dos percursos analíticos e das estratégias de apresentação dos resultados, dentre outros). Integram-se neste GT três campos de pesquisa da Geografia, a saber, a Geografia Urbana, a Geografia Histórica e a Geografia dos Conflitos e Ativismos Sociais, dois desses campos de pesquisa significativamente marginalizados na Geografia brasileira. Tal articulação contribui para o desenvolvimento de outras formas de se compreender os processos de formação dos territórios (sobretudo em contextos urbanos) e de se produzir conhecimento crítico que parta do conflito, da ação social, dos sujeitos e das territorialidades que constituem seus e nossos mundos.
Ementa: O processo de urbanização é historicamente impulsionado por meio das modernizações seletivas do território. A digitalização apresenta-se como uma nova fase dessas modernizações e pode ser interpretada como um aprofundamento do meio técnico-científico-informacional, cuja racionalidade neoliberal impõe-se como sistema de pensamento hegemônico. A popularização da internet, dos computadores e, principalmente, dos smartphones e o uso de algoritmos, formam uma nova camada técnica, que passa a mediar as interações nas redes de cidades e interferir no espaço urbano. Há uma indissociabilidade entre o avanço da digitalização e o sistema de valores adotados socialmente. O empreendedorismo, a meritocracia, a liberdade individual, a competição generalizada são valores norteadores na era da digitalização. Às cidades são impostos ritmos perversos de exploração do trabalho e privatização do espaço público, que ampliam as desigualdades de gênero, étnico-raciais e de classe social, dentre outras, estruturais às diferentes formações socioespaciais. A apropriação do meio digital renova as disputas pelo urbano. De um lado, há o alargamento das resistências e dos ativismos em busca de justiça socioespacial. Por outro lado, há a captura dessas pautas pela perspectiva conservadora com o propósito de manutenção de privilégios. Nesse sentido, o GT busca congregar pesquisas com análises críticas sobre a) o processo de digitalização do espaço urbano: plataformização da economia urbana, exploração do trabalho, disputas informacionais e comunicacionais; b) os impactos dessa digitalização sobre os espaços públicos: privatização, usos corporativos, formas de apropriação e questões socioculturais; c) as contradições dessas modernizações com a ascensão de ativismos conservadores e reacionários, bem como, de novas formas de lutas urbanas coletivas, experiências do comum e práticas de resistências com apropriação e criação dos meios técnicos da era digital.
Ementa: A urbanização em função dos lazeres e do turismo produz formas-conteúdos em escala regional e intraurbana. Os (eco)resorts, parques temáticos, as novas arenas esportivas e empreendimentos turístico- imobiliários são indicadores da reprodução do espaço associado a novas formas de acumulação. Eventos festivos e esportivos padronizados, práticas marítimas modernas e demais atividades de lazer urbano- metropolitano engendram ambiências e sociabilidades que atribuem novos sentidos à cidade. Mas a dimensão lúdica da vida urbana ultrapassa o vasto leque de serviços ofertado pelo segmento. Abrange o uso, através de práticas autônomas e inventivas, utopias de cidade, táticas e apropriações que circunscrevem iniciativas diversas no vasto campo do possível no devir urbano. O conjunto das atividades lúdicas dialoga com a urbanização dispersa, as centralidades, a segregação socioespacial, a espetacularização, a gentrificação, a metropolização do território, dentre outros processos. Neste sentido, convidamos a pensar os conteúdos socioespaciais desdobrados pela dimensão do lúdico (viagens, estadas e lazeres) na (re)produção do urbano.